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Postes históricos do Centro da Capital começam a ser instalados

Um minucioso trabalho de restauro está sendo feito nos postes históricos pertencentes à Rua dos Andradas, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre. O processo de restauração iniciou em 9 de julho, totalizando 43 postes, que estão sendo reformados e receberão iluminação em LED. Os primeiros postes restaurados começam a ser instalados a partir de segunda-feira (13/12) na altura dos números 465 e 666.


Cada poste conta com aproximadamente 30 peças, que fazem parte da estrutura e passam por um meticuloso processo. Além da restauração física, o processo resgata parte da história e do significado desses postes para a cultura e o desenvolvimento econômico da capital para os dias atuais.


“É um trabalho desafiador e gratificante. Estamos realizando um serviço cuidadoso de restauro para preservar o máximo da história da capital e enfrentando os desafios que o tempo exerceu sobre os postes”, explicou Guido Oliveira, Diretor-Executivo da IPSul.


O processo de restauro está dividido em quatro etapas: coleta e catalogação das peças; limpeza química e mecânica; consolidação e reconstituição; e montagem, instalação e pintura. O trabalho em atelier e in loco é coordenado pelo artista plástico e restaurador Ricardo Cardoso com a responsabilidade técnica do arquiteto Lucas Volpatto e do engenheiro Henrique Matteus.


O secretário municipal de Serviços Urbanos, Marcos Felipi, afirma que a SMSUrb está acompanhando de perto os trabalhos de restauro dos postes. “É fundamental manter a identidade visual do Centro Histórico e os postes fazem parte deste passado tão importante para a cidade. A nossa ideia era preservar as peças e adaptá-las a uma tecnologia mais econômica e moderna, como as lâmpadas de LED, e isso está dando certo. Logo iremos ver o resultado deste trabalho tão minucioso nas ruas”, diz Felipi.


Testemunhos do urbanismo do início do século XX*


Os postes da Rua dos Andradas são dos poucos testemunhos do urbanismo do início do século XX em Porto Alegre. Nas primeiras décadas do século passado, a energia elétrica e a iluminação pública eram sinônimos de modernização, progresso e desenvolvimento.


A prioridade estabelecida para a implantação da iluminação pública elétrica em Porto Alegre foi a Rua da Praia – antigo nome dado à Rua dos Andradas –, então centro da movimentação comercial, política, cultural e social da cidade.


Neste sentido, a iluminação, enquanto mobiliário urbano, vinha dar um toque final de refinamento e mesmo de ostentação a um conjunto de que participavam a arquitetura neoclássica e eclética dos edifícios públicos e privados, a remodelação paisagística das praças do centro da cidade (da Alfândega, Matriz, Otávio Rocha e Dom Feliciano foram remodeladas neste período), e investimentos em infraestrutura que se consolidam no período.


Ao final do processo, concretiza-se algo que poderia se chamar uma "cultura dos passeios públicos", em que o footing na Rua da Praia, as vitrines, os ladrilhos hidráulicos e os postes com muito destaque eram partes de um todo.


“Estes postes testemunham a qualidade com que era tratado o mobiliário urbano há algumas décadas no Brasil, com esmero estético e apuro técnico”, complementa o arquiteto da Diretoria do Patrimônio e Memória da Secretária Municipal da Cultura, Luiz Merino.


A empresa Amforp, que fornecia a energia na época, mantinha seus próprios fornecedores, controlados pelo seu setor de compras, com destaque para os postes fundidos pela Union Metal Manufacturing Co, empresa fundada em 1906 em Canton, Ohio, nos Estados Unidos. Pioneira na fabricação de fustes cônicos tubulares, a Union foi responsável, entre a década de 1920 e 1930, por fornecer postes para mais de 4.400 cidades nas américas.


Para a Rua da Praia foram destinados os modelos mais vistosos da Union, o Modelo 1747 do catálogo Esguios, elegantes e eficientes, uniam tecnologia e arte. As bases do poste são de ferro fundido pesado, sustentando colunas de aço e caneladas como uma coluna grega. O padrão clássico é complementado no topo com um capitel ornado com folhas de acanto, volutas e campânulas que sustentam as tocheiras em vidro opalino. As lâmpadas eram do modelo 12 Novalux, da G.E. A fiação era subterrânea e a inspeção se dava por uma tampa prevista na própria base do poste.


*Fontes: Arquiteto Luiz Merino de F. Xavier e Arquiteto Lucas Volpatto

Crédito da foto: Divulgação


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